novembro 04, 2007

As filhós, como as fazia a minha avó
















Quando ela as fazia nunca tinham medida certa, e a receita anotava-se mentalmente vendo-a fazer...
As quantidades que vou indicar rendem pouco mais de duas dúzias de filhós.

Comecei por colocar 6 ovos, muito frescos, dentro de um alguidar com água morna, coisa que a avó fazia para os aquecer e assim ajudar a massa a fintar.

Depois desfiz 40g de fermento de padeiro numa chávena de água morna e juntei-lhe uma pitada de açucar.










Espremi o sumo de duas laranjas médias;

Coloquei à mão um cálice de aguardente, meio copo (de vinho) de azeite, 100g de açucar e uma colher de sobremesa cheia de sal fino.

Num alguidar juntei todos os elementos referidos, salvo o sal:












Bati muito bem, com a batedeira. Claro que a avó utilizava a colher de pau, mas os tempos são outros...

Feito isto há que ir juntando a farinha, cerca de um quilo, aos poucos, à medida que a massa a vai absorvendo. É nesta altura que se junta o sal, que nunca se deve misturar directamente ao fermento, sob pena de anular a sua acção.










Claro que pouco depois de se começar a juntar a farinha já não é possível misturá-la com a colher de pau: é essa a altura de meter as mãos à massa! O objectivo é obter uma massa com a consistência da massa do pão, por isso a quantidade de farinha indicada pode ser um pouco mais ou um pouco menos, dependendo do tamanho dos ovos, da quantidade de sumo de laranja... enfim.

A massa tem que ser sovada energicamente, com os punhos, até se descolar do alguidar e começar a formar bolhas de ar.

Feito isto, a avó costumava fazer com a mão o sinal da cruz sobre a massa, dizendo, "Deus vos acrescente!"; polvilhava a massa com farinha, cobria-a com um pano branco e embrulhava o alguidar num cobertor, que colocava perto do braseiro, ao quente.

Eu contento-me em colocar a massa, coberta com um pano, em local quente e fora do alcance das correntes de ar, que são fatais para o fermento, e espero pacientemente que duplique de volume.

Tender as filhós:











É uma das minhas tarefas preferidas, mas há quem a ache difícil... Não há como experimentar e perseverar.
Molham-se as mãos em azeite e retiram-se pequenas porções de massa que se estendem de forma a obter um círculo de espessura fina.

As filhós beirãs são finas no centro, com o rebordo mais grosso. Sei que há quem as tenda sobre um pano branco colocado no joelho, mas essa arte não pratico...

Fritam-se em óleo bem quente e viram-se quando louras:








Põem-se a escorrer sobre papel absorvente e quem gosta, como eu, polvilha-as com açucar e canela.






















Obviamente não desconheço outras versões de filhós, mas estas são aquelas de que mais gosto.

20 comentários:

paula disse...

ficaram lindos,e agora que ja comeca a cheirar a Natal (pelo menos por aqui que ja estao as lojas todas decoradas a preceito para a ocasiao) e uma receita muito bem vinda....

beijinhos

Carla disse...

Paula, gostei tanto de ver esta receita! A minha avó que é de Castelo Branco também as faz assim, usando a técnica de tender a massa no pano sobre o joelho (ainda não aprendi).
As suas filhós ficaram com um aspecto delicioso! Neste momento estou a beber chá, posso tirar uma para acompanhar?! =)

Bjs e boa semana!

Marizé disse...

Ai que nostalgia que me atacou....

Que belas filhós, já apetecem

Beijocas

Anónimo disse...

Quando era criança, lembro de comer isso na casa de uma vizinha da minha avó. Não tinha idéia de como era feita.
A aguardente serve para deixar a massa crocante ao fritar?
abs.

risonha disse...

como diz a paulinha, agora que o natal se aproxima a passadas largas, estas filhós são uma maravilha.

Célia disse...

Assim nunca comi no Alentejo não se fazem assim mas devevem ser igualmente boas tudo o que é filhos não resisto.

Ana Prazeres disse...

Parecem as da minha querida avó...
Adoro filhós!!! Beijinhos

m@ria...m@rie...m@ry disse...

ohhhh como eu gosto de filhós!!! E estas parecem ser super apetecíveis :D obrigada pela receita!

Mamaíta disse...

Filhós tal e qual eu aprendi da minha e tal e queal as faco! Hummm!
Isto lembra-me que este ano ainda nao as fiz...

Beijinhos :)

Anónimo disse...

Aqui, pelo natal, comem-se umas parecidas, mas as suas são mais bonitas. Há quem lhes chame cuscurões, falo da Beira Alta. Nunca me atrevi a fazê-las.

Paula disse...

Alegra-me que as filhós lhes tenham trazido boas recordações, é o que sucede comigo. Pena é não se poderem partilhar pela internet!...

Quanto à aguardente, não sei se as deixará mais crocantes; o facto é que há várias receitas de pastelaria por aqui que a adicionam. Será que ajuda à fermentação das massas? Vou mais por aí.

O Avental, exímio cozinheiro, pode aventurar-se pelas filhós e pelo mais que lhe der na gana...

Baú da Conceição disse...

QUE CHEIRINHO A NATAL.

BEIJINHOS

Nysa disse...

um espectáculo! obrigada pela receita passo-a-passo!!! um bom fim de semana, beijocas...

Lia Santiago disse...

Olá Paula, fiz as filhós este fim de semana, e foi das receitas que mais gozo me deu fazer nos últimos tempos.
O facto de benzer a massa, embrulhá-la, ter cuidado com as correntes de ar, sová-la, tudo isso fez me sentir uma bruxinha!!!!
As filhós que fiz correram muito bem (para uma primeira vez), e toda a gente adorou (as minhas colegas do trabalho estão deliciadas).

O próximo fim de semana vou tentar fazer o bolo grego, e sonhos (por acaso a paula não tem por aí uma receita :))

Muito obrigada pelo seu blog!!!!!


Muito obrigada pelas receitas e pelos textos que as acompanham.

Até à próxima receita!

Paula disse...

Querida Cláudia,
obrigada pelo seu comentário, tão simpático!

Especialmente dedicados a si, em breve haverá sonhos, claro ;)

Luna disse...

Paula, estão mesmo como eu gosto.. =)

Só fiquei com umas dúvidas..
Logo no inicio, o alguidar deve apenas ser "lavado" com água quente, ou fica lá água para se juntar os ovos??
E quanto tempo demora a levedar, mais ou menos?

Obrigada..
Beijinhos =)

Paula disse...

Olá Luna!

Talvez não me tenha explicadao bem: os ovos são colocados em água morna num recipiente à parte, antes de serem partidos para dentro daquele onde vai preparar a massa...
Uma hora, uma hora e meia, em local aquecido, costuma ser o suficiente para levedar esta quantidade de massa. Pode verificar também pelo volume, que quase duplica.

Bjs!

Isabel de Miranda disse...

Ummmm cheira a Natal que delicia,vou voltar adorei.BEIJINHOS DOCES

Anónimo disse...

Querida Paula,
Antes de mais, Boas Festas!!! Quero desde já agradecer-te pelas boas receitas que vais colocando no teu blogue, de maneira a presentear-nos com estas grandes delicias de culinária. Parabéns por tudo. Já experimentei algumas e foram sucesso garantido. No entanto, e vendo esta receita de filhoses não resisti e vai que neste natal, experimentei.... e... Azar! Fiz uma boa massa que ficou leve e saborosa, dobrou de volume ao levedar, tudo certo! O problema foi na fritura! Não ficaram fofinhas, nem estaladiças, nem com os 'olhinhos', como se vê na foto! A massa ao fritar revelou-se muito compacta, e quando ficaram frias, pareciam pedras... Enfim! Qual terá sido o meu erro? Abraços e parabéns pelo bom trabalho. Até sempre.

Anónimo disse...

Realmente não há nada como as receitinhas das nossas queridas avós! São sempre delíciosas... :)