novembro 10, 2006

Doce de Abóbora



A simples receita do meu doce de abóbora:

Limpo e corto a abóbora em cubinhos;
Por cada quilo de abóbora limpa uso 900 grs de açucar, 200 grs de miolo de noz, e um pau de canela.

Ponho tudo numa panela, e deixo ficar assim de um dia para o outro. A abóbora larga água e o açucar transforma-se numa calda.
Levo a panela ao lume, destapada, e deixo-a ferver em lume brando até ganhar ponto.
Aqui é que reside o busílis, porque sem pesa-xarope só com a experiência... Para 3 quilos de abóbora, isso nunca leva menos que duas horas e meia, mais ou menos.
Para verificar,deita-se um pouco de doce num pratinho e passa-se o dedo; quando a "estrada" que abre se mantém, em princípio o doce está pronto.

Nessa altura junto-lhe as nozes partidas, e verto o doce em frascos esterilizados.
Nunca o desfaço com a varinha, gosto de encontrar os pedaços de abóbora que resitem à cozedura. Quem gostar dele desfeito pode sempre passá-lo, claro.

Se ultrapassar o ponto crítico, o doce ganhará crostas de açucar; se pelo contrário não tiver "ponto", não se conservará devidamente.

11 comentários:

Elvira disse...

Adoro! Sobretudo com uma fatia de requeijão da Beira Alta por baixo. Tão simples e tão delicioso... :-)

avental disse...

Os da Beira Baixa também são bons, Elvira :)

Paula, também não percebo nada de doce de abóbora e tenho de fazer um. Os cubinhos de abóbora ficam translúcidos no seu doce? A abóbora é da "porqueira" (branca) ou da amarela? É que uma vez comi um doce delicioso de abóbora em que os cubos eram translúcidos e não me deram a receita :( Convenhamos que este caso nos permite pensar que ninguém leva receitas para a cova. Pensamento errado, este. Leva, sim! Era uma velhota que fazia o doce, já morreu e agora ninguém o sabe fazer:(

Paula disse...

Avental, eu costumo fazer o doce com abóbora amarela, que por aqui também chamam "mogango". penso que nos Açores há uma a que chamam "boganga"... Será a mesma?...

Os cubinhos desta abóbora não ficam translúcidos no doce. Será da espécie de abóbora utilizada ou da confecção? Também gostava de saber... Quem dera que a velhinha não tivesse morrido!

Passando a outro assunto, aproveito para o esclarecer sobre uma dúvida que colocou num comentário no blog "colher de pau" sobre a marmelada:
Eu passo os marmelos pelo passe-vite por uma questão de textura; a varinha não nos permite escolher o "grão" da marmelada; já com o passe-vite podemos escolher o ralo que mais nos agradar. Não é por ser masoquista nem mais papista que o Papa, imitando o antigamente, como poderão ter pensado alguns leitores :)
Como referiu, também eu preparo a calda à parte.

Paula disse...

Verdade, Elvira, como são boas as coisas simples !

avental disse...

Nasci nos Açores, sou um corisco como chamam lá aos de S. Miguel, moro na cidade outrora sede do ducado do infante que olhava o mar, e a encosta que vejo daqui, meio azulada, é a vertente norte da grande Serra. Vai assim meio codificada a correção, mas pouco. Como nas questões mais fáceis dos concursos da tevê.

Vem isto a propósito da abóbora amarela. É mogango, sim, não me ocorria o nome dessa abóbora. Por aqui, acho que fazem o doce com a porqueira.

Quanto à marmelada, que levantou alguma discordância :), já imaginava então que a fazia assim por causa da textura.

Como tenho a mania da precisão - não me acho picuinhas de espírito :)-, e mais ainda na nossa língua, não concordo semanticamente com a distinção. Para mim são dois modos de fazer a marmelada, são dois tipos de marmelada.

Doce de marmelo é outra coisa, como sabe. Tenho dois no blogue, o de marmelo e o de marmelada. Foi só por uma questão de precisão de linguagem. É fácil imaginar que a textura do grão da marmelada com passe-vite realce e faça perdurar mais na boca o gosto do fruto. Além de contrastar com a parte mais macia da mistura. Mas isso é outra coisa, de resto muito importante em culinária e doçaria, o jogo das texturas, como várias vezes tenho escrito no Avental.

Desculpe-me escrever tanto. É outra das minhas manias.

avental disse...

gralha: correcção :)

Eli disse...

Paula meu esposo tem verdadeira fascinação por doce de abóbora.

Paula disse...

Avental, escreva à vontade, já que o faz bem! Tenho muito prazer em lê-lo; neste caso, a "escrever é que a gente se entende"!

Paula disse...

Freelivegood, sabe que nunca reparei no pormenor do número de frascos?! Se calhar porque encho um de cada "nação"... Mas estou tentada a dizer-lhe que deve dar para uns seis, no mínimo, isto assim de cabeça, tendo em conta que o volume do doce depois de pronto fica quase pela metade do volume inicial. Será que ajudei alguma coisa? :)

Vera disse...

Doce de abóbora... Huummmm! É dos meus preferidos (a par do de tomate e do de ameixa) e dos que faço com maior frequência; de resto, porque os doces lá em casa têm utilizações múltiplas.

O doce de abóbora é daqueles que mais utilizamos em sobremesas, à parte da famosa conjugação como o requeijão de seia, é óptimo como cobertura do cheese cake em alternativa aos frutos vermelhos - para gente mais gulosa convenhamos :o).

Não o faço exactamente como a Paula. A minha mãe originalmente adicionava casca de laranja. Por sugestão de uma "avó" alentejana, passei a usar laranja e limão cortadas em fatias grossas, o que lhe dá um sabor muito agradável, tornando o doce menos enjoativo.

virginia disse...

Hoje descobri esta doçura deste blog e vou dar uma achega sobre o doce (de abóbora que agora li) ou outro doce qualquer não se refere à sua confecção mas sim depois de feito e ainda quente deitar o doce para os frascos devidamente bem lavados, colocar as tampas fechar bem (tem de ser tampas c/ rosca para que o doce não saia)e virá-los ao contrário de forma a que fiquem c/ fundo do frasco para cima e ficam assim até doce arrefecer por completo. Passadas alguras horas ou depois de frios virar os frascos para a sua posição normal e pode guardar-se os frascos de doce
na despensa ou no armário ou onde se quiser guardar, eu há anos que faço assim e tenho por exemplo doce tomate de há 2 anos de figo há 1 ano e quando abro ta sempre bom não ganha bolor. podem experimentar.