julho 14, 2006

Enfim... Férias!!



Vai haver um interregno no bloguito por motivo de férias...
A todos, bons cozinhados!

Polvo à moda de São Miguel


Há quem o coza com uma rolha de cortiça, quem o bata com um maço de madeira... Para mim a melhor forma de amaciar o polvo é congelá-lo antes de o cozinhar. Não perde nada.
Para um polvo com 2 quilos:

Cortar o bicho em pedaços pequenos e fazer um refogado com 3 cebolas, 3 dentes de alho, 1,5 dl de azeite, uma folha de louro, um ramo de salsa (inteiro), um pouco de massa de malagueta, sal, pimenta preta e cravinho. Pode-se juntar o polvo logo no início ou um pouco depois, com a cebola já loura.

Deixar reduzir um pouco a água que o polvo larga e cobrir com vinho de cheiro açoreano, se tiverem (é o chamado morangueiro). Se não, o mais apropriado será um vinho verde tinto. Deixar apurar bem, juntando um pouco de água se necessário.

Vigiem o fogo, porque muitas vezes o que torna o polvo duro é o excesso de cozedura. 45 minutos devem bastar para o cozer. Se acharem que este tempo é insuficiente para apurar o molho, retirem o polvo e deixem apurar, voltando a juntá-lo no final.

Há quem junte batatas aos cubos e a guise no molho, mas pessoalmente acho que fica muito melhor com as batatas cozidas à parte.
Faz sempre sucesso este prato, que também pode ser servido como entrada.

*Mais uma excelente receita do prof. João vasconcelos Costa

julho 11, 2006

Maroilles

Este post é só para quem realmente gosta de queijo...

De queijos franceses muito se fala do camembert, do brie, do roquefort... Deixem-me dizer que gosto de todos.

Mas há um... não lhes digo nem lhes conto. Este tem um poder mágico: metam um num saco de mão, entrem numa carruagem cheia de gente sem lugar para se sentarem e vão ver: a carruagem esvazia completamente! Ficam com ela toda só para vocês! Percebem o que quero dizer? Ainda chamam ao nosso inocente queijo picante o "queijo chulé"! Um anjo de candura, ao pé deste! Tem ainda a particularidade de ser quadrado.

Bom, brincadeiras à parte, o maroilles, assim se chama, é delicioso para quem goste de queijo.



A foto é daqui.

Se tiverem a sorte de apanhar um, ou que alguém vo-lo traga de França, experimentem fazer assim uma tarte:

Preparem uma simples massa quebrada e forrem com ela uma tarteira. Cubram-na com fatias do queijo pecaminoso. Vertam por cima uma mistura feita com:

2.5 dl de leite
2.5 dl de natas
1 ovo
sal e pimenta

Levem ao forno até ficar douradinha e regalem-se.

Se não conseguirem o maroilles não faz mal: arranjem um amarelo da Beira Baixa, ainda amanteigado e preparem a tarte da mesma forma.

Em Portugal, tão pequenino, em termos de queijo havemos sempre de achar um que substitua qualquer outro, estrangeiro, numa boa receita.

Aceito outras sugestões...

Fruta em geleia de chá



Deixo hoje a sugestão de uma sobremesa fresquinha, que se pode tornar light - boas notícias para os adeptos das dietas!
A mim este facto interessa-me sobretudo porque tenho um maninho diabético para o qual muitas vezes "invento" ou "recrio" as sobremesas, eliminando o açucar.

Precisam de :

5 folhas de gelatina
3 colheres de sopa de chá preto (eu gosto do Earl Grey)
100 g de açucar ou 1 colher de sopa de hermesetas líquidas
4 colheres de sopa de sumo de limão
350 g de fruta variada a gosto (banana, uvas, morangos, manga, ananás em calda...)
2 raminhos de erva cidreira, se tiverem
natas e açucar baunilhado

Façam primeiro o chá, colocando-o no bule e juntando 7,5 dl de água a ferver. Deixar em infusão durante alguns minutos, coar, juntar-lhe a gelatina demolhada e escorrida, o açucar (ou as hermesetas líquidas) e o sumo de limão. Mexer bem e deixar arrefecer.

Preparem a fruta, lavando, descascando e cortando, como se fosse para salada de frutas, e piquem as folhinhas de cidreira. Distribuam por quatro tigelas de sobremesa e reguem com o chá. Levem ao frigorífico para endurecer.
Sirvam com natas batidas em chantilly com o açucar baunilhado.

Nota:
Não se esqueçam que o ananás fresco fresco impede a gelatina de solidificar, por isso é proibido usá-lo nesta receita, a menos que o cozam previamente numa calda leve de açucar. Em alternativa usar ananás de conserva, como indiquei.

julho 10, 2006

Costeletas de borrego com molho de hortelã



Há dias andava por aí uma leitora à procura de um molho de hortelã para as costeletas de borrego.
Hortelã e borrego definitivamente combinam!
Tinha esta receita, que resolvi experimentar. É fácil e ficou deliciosa, por isso, se passar por aí já sabe...

Põem-se as costeletas de borrego a temperar, com: alho pisado, sal, pimenta preta e cravinho.
Ao fim de duas horitas fritam-se em azeite e reservam-se ao quentinho.
Faz-se entretanto uma redução (quer dizer, juntar tudo, levar ao lume e deixar reduzir até metade...) com um copo de vinho branco, 3 colheres de sopa de vinagre e um ramo de hortelã picada.
Leva-se ao lume o azeite de fritar as costeletas, polvilha-se com meia colher de sopa de farinha, vai-se juntando a redução (coada) e deixa-se engrossar o molho, juntando eventualmente um pouco de água, se necessário. Rectificar os temperos.
Cobrem-se as costeletas com o molho e servem-se com batatinhas.

julho 06, 2006

Queijo picante



Queijo picante da Beira Baixa D.O.P.
Também lhe chamamos por lá "queijo queimoso".
Conhecem, claro...

Coisas simples

Ontem à noite fiquei muito triste por o Ricardo não ter defendido o penalty, e hoje sinto-me nostálgica. É uma faceta da minha natureza.
Quando era pequena e me sentia assim saía de casa e dava longos passeios a pé pelos pinhais, pela quinta do avô João; sentava-me nalguma rocha à beira do ribeiro e ficava a ver as evoluções da água a descer pelas poldras e o canto dos pássaros na copa dos pinheiros devolvia-me a paz.
Hoje não posso fazer isso, mas posso recordar e escrever aqui da frugalidade e das coisas simples que rodearam a minha infância, simples como aquele avô, que era tímido, que trabalhava muito e sabia todos os segredos do tempo e das sementeiras, e que nunca conheceu mundo.

Lembro-me que gostava muito de queijo picante, e que não havia Natal em que não reclamasse a sua açorda de feijão com cominhos.
A minha mãe, citadina, aprendeu como se fazia para o presentear, e hoje não há Natal em que não a partilhemos na consoada, em memória dele.
Para nós no Natal pode haver bacalhau, filhozes, sonhos... se não houver a açorda, não é Natal.

Mas como estamos em Julho, vou deixar aqui a receita de "migas de tomate" da minha mãe, também lendária, e que as minhas filhas acham que eu nunca faço como ela!

Cobrir o fundo de um tacho com azeite e cortar lá para dentro cebola às rodelas finas e tomate, limpo de peles e sementes, cortado aos bocados, mais uns dentes de alho picados e uma folha de louro. Deixa-se refogar um pouco, para desfazer o tomate, adiciona-se a água suficiente para as "migas"e deixa-se ferver para apurar. Corta-se o pão às fatias finas, deita-se no tacho e deixa-se abeberar bem e apurar. Tempera-se com sal e pimenta.
Quem gostar pode juntar ovos batidos, misturando tudo muito bem, coisa que ela quase nunca faz, pois gosta de servi-la só assim, com peixe frito.

Outra forma típica de a preparar naquela zona consiste em juntar à cebola e ao tomate, enquanto refogam, uma posta de bacalhau limpa de peles e espinhas. Para além disso o método de preparação mantém-se o mesmo. Neste caso constitui quase sempre um prato completo.

Podem ainda salpicá-la com salsa ou coentros picados.

julho 05, 2006

Caviar... de beringelas

Podem chamar-lhe caviar, pâté, dip... tanto faz. É uma maneira de utilizar as simpáticas beringelas como entrada.

Escolham-nas lisas e brilhantes, maduras, e não muito grandes, porque podem ser esponjosas.

Lavem-nas, piquem-nas (coitadinhas!) com um garfo ou um palito e levem-nas a assar no forno.

Depois de assadas cortem-nas ao meio e retirem toda a polpa com uma colher.

No copo misturador ou no robot juntem-nas a alhos descascados, azeitinho bom, sumo de limão e coentros picados. Temperem com sal e pimenta e reduzam tudo a puré.

Sirvam fresquinho com tostas e bolachinhas salgadas...

Se o tempo escassear, assem-nas num pirex no microondas; o resultado é idêntico, e muito mais rápido.

Se assarem também uns tomatinhos com orégãos e azeite, têm as cores da bandeira nacional na mesa!

Aparte:
Quero saudar a postura humilde e dedicada dos nossos jogadores da selecção. Estarei a torcer por eles hoje, como todos os portugueses. Não são favoritos, não faz mal; nunca foram e chegaram até aqui.
Quer ganhem quer percam (ouxalá que não, para nossa maior alegria) terão sempre a minha simpatia.

julho 04, 2006

Mini-pizzas de courgette e camarão


Gosto de fazer massas levedadas e por isso costumo preparar eu mesma as pizas cá em casa.
Gostei desta receita, que associa dois ingredientes que não é muito comum ver juntos.

Podem fazê-las para petiscar durante o jogo Portugal - França, para comemorar a vitória!...

Em vez das pequeninas também podem fazer uma grande, evidentemente.

Para a massa:
250 g de farinha
10 g de fermento de padeiro
1 pitada de açucar (o fermeno alimenta-se dele por isso junto sempre um bocadinho)
1, 25 dl de água morna
1 colher de chá de sal
2 colheres de sopa de azeite

Para o recheio:
250 g de courgette
1 cebola pequena
2 colheres de sopa de manteiga
2 colheres de sopa de natas
sal, pimenta, noz moscada
tomilho ou orégãos a gosto
1 fio de sumo de limão
150 g de camarões descascados
100 g de queijo emmental ralado

Coloca-se a farinha numa tigela e abre-se uma cova; desfaz-se o fermento num pouco de água morna e junta-se a pitada de açucar. Verte-se na cova da farinha. Deixa-se repousar durante uns 15 minutos até o fermento começar a borbular. Nessa altura junta-se o resto da água, o sal e o azeite e amassa-se até descolar da tigela. Polvilha-se com farinha e deixa-se levedar, coberta, até duplicar de volume.

Enquanto isso, raspem 2/3 das courgettes e cortem a restante às rodelas.
Alourem a cebola na manteiga e juntem a courgette raspada; deixem cozer 3 minutinhos.
Misturar as natas e temperar com o sal, pimenta, noz moscada e tomilho ou orégãos, e umas gotas de sumo de limão.

Estende-se a massa, deixa-se o rebordo um pouco mais grosso, cobre-se com o recheio e algumas rodelas de courgette, e dispõem-se por cima os camarões e o queijo.

Levam-se a forno médio durante uns 15 minutos, e comem-se quentinhas, acabadas de sair de lá!

julho 03, 2006

Carne em vinha-de-alhos, guisada

Faço muitas vezes a carne assim, já a via fazer à minha mãe, e mantenho a tradição.
Fica com um gostinho bem português, ainda que não seja uma receita requintada para servir numa festa, mas daquelas domésticas, do dia a dia...

Para a vinha-de-alhos uso: alho esmagado, louro, sal e pimenta (em grão), um pouco de piri-piri, vinho branco, um pouco de vinagre e um gole de água, um ramo de cheiros.

Põe-se a marinar a carne cortada aos cubos (pode ser de vaca ou porco) de véspera.
No dia seguinte escorre-se e aloura-se num pouco de banha ou margarina, e retira-se do tacho.
Na gordura refoga-se cebola picada, polvilha-se com um pouco de farinha e vai-se juntando o líquido da marinada e caldo de carne aos poucos, para fazer molho.
Junta-se a carne, e deixa-se cozer suavemente em lume brando, até ficar macia.
Servir com acompanhamentos simples, como batatas salteadas ou em puré, ou arroz branco.